(statement below)

About me… · Sobre mim…

Vinda das águas profundas e do barro vermelho, entre o sertão e a metrópole, Ainá Xisto (1991) trabalha atualmente em Portugal e diferentes regiões do Brasil. Cineasta e artista visual, Ainá é Mestre em Cinema pela Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa e faz das suas criações instrumentos psicomágicos, atualização de conexões de tempos imemoriais e partilha de pedagogias e imaginários de transmutação, saúde e criatividade.
Do íntimo, suas obras transbordam sobre a essência do inexplicável, um transe-manifesto do futuro que já é, prenhe de diferentes formas de viver dentro e fora do tempo, numa configuração de mídias multidisciplinares, mas conectadas sob um rizoma cósmico e uma perspectiva simbiótica.

Arte que atrai vida e vida que atrai arte.

Ainá Xisto (1991) works between Portugal and Brazil. Filmmaker and visual artist, has a Master's degree in Cinema from the School of Arts of the Universidade Católica Portuguesa and uses her creations as psych magic instruments and update to immemorial connections. Sharing pedagogies and imaginaries of transmutation, health and creativity, her works overflow from the intimate with the essence of the inexplicable, a trance-manifest of the future that already is, pregnant with different ways of living inside and outside time, in a configuration of multidisciplinary media connected under a cosmic rhizome under symbiotic perspectives.

Art that attracts life and life that attracts art.

duas mulheres seguram uma bacia com um espelho
ainá performance em video instalação

Ainá Xisto por Brás M. Antunes, 2022.

Cinema of feet is made by walking. Earth to earth. It opens, creates, unfolds on the edge of the abyss between the nothingness and the decision of the camera-body leap.

I use the space of my cinema for practice, rehearsal, the surrendered movement of wandering. Wanderer, who walks without a certain destination, not firm; wavering, it is said of non-fixed stars: planets, satellites and comets. I am like them and my work is expressed in small constellations that orbit around life. The life that always escapes, that creates by itself and will always create life, it is beyond the binomials – human, non-human; fiction, documentary – it's all together and mixed here and now.

We are anachronistic companions of practice, we find ourselves in the spiral of time through our film-letters, sent without a certain addressee, open to walkers, to wanderers, to all those who marvel at seeing points of brilliance in infinity. Let go of these structures of power, exploitation, extraction, ideals of progress, success, pre-molded genius-making, impractical masterpieces in obsolete forms for reduced circles of continual alienation. Wake up!

I want a cinema that is dirty with clay, the Cinema that has foot blisters, of openpaths, with flowers perfume, words of living people, that knows that the tree is only a tree because one day it was entirely a seed and that it had the time and care to grow.

Look at the images, they have a lot to say, but they also keep the mystery within them. The intrinsic telepathy of montage communicates across times and temporalities. It is an ethnography in reverse, it records the creation-potency of the material reality of the future, the rituals of everyday life and intimate communities, which far from being on the verge of extinction, need to be cared for, created, imagined, practiced and shared urgently.

STATEMENT

Vou tentar ser sucinta; talvez seja incapaz de não suscitar algo incompreensível. Trago uma forma de cartografia movediça na espiral do tempo, a realização de um guia processual. Uma série de experimentos que compõem um conjunto com características de unidade. Investigo o próprio cinema enquanto matéria– enquanto ferramenta para materialização de sonhos e ideias. Sonhar mundos, dar forma à sensibilidade, desenhar a realidade, explorar a inteligência do equipamento. Coisas muito pequenas, o micro que fica gigante, coisas de escalas elásticas. Do vivo e do subterrâneo. Cinema dos elementos, da matéria da experimentação. A gravidez do mundo, de força vital, quando se manifesta em vivo, dialoga com a coisa mais cotidiana– verdadeira, banal e mundana– do encontro entre a subterraneidade do mágico e o mundo.

Investigação que vem de dentro, que às vezes transborda.

FUTURAS INTENÇÕES, LATÊNCIAS E BUSCAS

  • Pela imagem, pela materialidade da imagem. Experimentar e testar com diversas lentes e câmeras. Processos alternativos de produção de imagem, imagens sem câmara. Trabalhar como a pintura, com materiais e ambientes onde a câmera torna-se um coadjuvante no filme.

  • Relações entre a palavra e o lugar do sem nome. O lugar da imagem: da onomatopéia que aponta na direção do inominável. Onde as coisas podem se despedir de seus nomes e das suas categorias, levar esse espaço ao complexo do cinema. A maneira como a estranheza e a força com que a máquina cinematográfica pode gerar, numa aliança entre a nossa humanidade e o mais que humano. A máquina que nos possibilita alargar o tempo, acelerar o tempo, se aproximar de coisas e se distanciar de outras. 

  • Arte animista pela capacidade de transformar a relação com o tecido do vivo. Espaços de transe.

  • Psicossentidos na experiência cinematográfica; cine-estesias; manipulação do tempo; sonoridades isocrônicas e frequências binaurais; crises vinculares, iguais que oportunidades; experimentar e metabolizar formas alternativas de produção de imagem; cultivo de quietude; corporeidade intimista; maternidade de mundo.

Curriculum Vitae